Diário de campo - 15/11/2014

Dia 15/11/2014 - Perdi a hora, era para acordar as 4h00, porém fui levantar somente as 6h00. Como o céu estava bem nublado, não me pareceu tão mal. Na descida da Serra, pela Rodovia 277, não peguei nenhuma cerração, o que considerei um bom sinal. Em pouco tempo já estava em Morretes, iniciando a exploração de uma nova área. Fiquei espantado ao descobrir um trecho com asfalto novinho em folha, após percorrer alguns quilômetros em estrada de chão batido.

Conversando com uma moradora, fui informado que a pavimentação era devido aos condomínios que estão saindo, devido o interesse de muitas curitibanos que estão adquirindo casas de veraneio.

No fim do asfalto, deparei-me com uma linda paisagem proporcionada por este pequeno rio, vejam fotos.



Confesso que a estrada de chão, depois do asfalto era ruim e só subia, subia, subia. Mas a paisagem agradou bastante, mesmo antes de alcançar o ponto mais elevado de onde é possível prestigiar uma visão como da foto. Porém, informo que esta foto foi tirada no dia 16, visto que no sábado não era possível enxergar nada devido a uma forte cerração.

Conversei com um morador, Sr. Ricardo, que disse haver muitos gaviões-de-penacho (Spizaetus ornatus), mas não era um dado confiável, visto que dissera que um havia pousado a pouco num trecho de sua propriedade. O que eu vi, pouco antes de falar com o Ricardo, foi um pinhé (Milvago chimachima). Mas acreditei que havia gaviões grandes naquele lugar.



Depois da conversa, decidi fazer uma exploração da estrada a pé, visto que dali pra frente ela seria uma descida. Então, caminhei até o ponto da primeira foto. Alguém pode perguntar: Mas tem um carro? Sim, posteriormente percorri com o veículo até onde deu para chegar nesta estrada, que digo, deu medo, visto que em alguns pontos as pedras estavam lisas devido a umidade. Na verdade, não sabia se o carro iria subir. Devo acrescentar que não me arrependo, pois foi um dos locais mais ermo que conheci na nossa Serra do Mar.



Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus)



Gavião-pombo-grande

Graças ao Senhor, eu iria ver muitas aves de rapina. 

Começando com o gavião-pombo-grande (Pseudastur polionotus) as 10h13, no mesmo local onde veria o casal de gaviões-pato (Spizaetus melanoleucus) com o Menq e a Jessica, no dia seguinte. A primeira observação foi de relance com o gavião-pombo sumindo no alto de uma montanha.
Mas eu ainda o veria as 11h17 até 11h35, valendo a seguinte nota: Durante um tempo, fiquei em dúvida se era um gavião-pombo ou um urubu-rei (Sarcoramphus papa), devido a angulação da asa, o céu nublado e a grande altura. Felizmente a foto ajuda a perceber a cauda branca e cabeça, ficando descartada qualquer chance de ser um urubu-rei. Porém, durante a observação, surgiu um gavião-de-cauda-curta (Buteo brachyurus). Então, o inesperado ocorreu, o gavião-pombo-grande partiu para cima do B. brachyurus que se afastou rapidamente. O ataque do gavião-pombo, envolveu um posicionamento mais alto que o B. brachyurus, uma aproximação em voo circular e posteriormente um mergulho com asas fechadas em linha reta numa angulação não muito inclinada, diria 45 graus. Nunca vi isto antes.



Explorando estrada



Meus olhos e pulmões se alegraram com tudo, que lugar maravilhoso, cheio de rios e uma mata exuberante.




Outro registro importante, neste dia foi do gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus). Inicialmente eu escutei a sua vocalização, sem avistá-lo. Isto fez com que chegasse num pequeno pasto, que proporcionaria uma vista muito boa de uma vasta área, sendo daqui pra frente um dos meus pontos de amostragem. Voltando ao gavião, ele finalmente apareceu as 11h30, permitindo-me tirar uma foto. Saiu do alto de uma montanha no lado leste, seguindo para outra no oeste, passando por cima da estrada e do meu ponto. Possível verificar o céu nublado neste momento.

As 12h07, o tempo melhorou um pouco com o sol aparecendo e o céu chegando a abrir, dando chance do surgimento de partes azuis. Minutos depois o gavião-pega-macaco (1) voltou a aparecer saindo do mesmo ponto onde o perdi de vista. Experimentei colocar playback, porém não o atraiu para perto, ao contrário o gaviào foi subindo. Quando estava se aproximando da montanha da face leste, percebi que havia outro gavião-pega-macaco (2) voando. Na aproximação dos dois percebi nitidamente que não havia diferença de tamanho. O que apareceu depois, estava mais alto e realizou um ataque, inicialmente aproximando-se num voo planado em linha reta a seu oponente. Posteriormente, fechou as asas, ganhou velocidade e foi para cima. O gavião (1) se desvencilhou iniciando um afastamento para oeste. O (2) fez meia volta e tomou rumo leste. Conforme o (1) ganhava altura no afastamento, ele voltou a ir na direção leste. Seguindo rápido em linha reta ao (2), desferiu um ataque semelhante ao que sofreu. Logo em seguida retomou o curso oeste, enquanto o (1) foi para nordeste sumindo por cima da montanha. Posteriormente o (2) saiu do meu campo visual no lado oeste.


Antes de pegar o caminho de volta para 277, ainda vi dois (2) gaviões-tesouras (Elanoides forficatus). Deixei o local aproximadamente as 13h00 (horário solar).

Na estrada, fotografei este teiú (Tupinambis sp.). Já no posto Ipiranga, aguardei a chegada do Willian Menq e Jessica Moraes do Nascimento. Devido a um acidente, eles chegaram bem mais tarde que o previsto. Assim mesmo, deu tempo para ir até o ponto onde encontrei os gaviões-bombachinha-grande (Accipiter bicolor) na semana passada. O Willian colocou playback, mas não obtivemos nenhum sinal da presença deles. Descemos um pouco a estrada, parando em dois locais que davam uma visão mais ampla do céu e do dossel de árvores. Com horário avançando para o final da tarde, não observamos nada, além de pequenos Passariformes. Em Morretes, o jovem casal experimentou o barreado, aprovando o famoso prato típico da cidadezinha encantadora. Subida pela Rodovia da Graciosa, ainda paramos para uma corujo-observada (eh,eh,eh, dá-lhe termos). Nada!


Fim do dia 00h06min, dormi que nem pedra.


Eu e o Willian Menq em Morretes



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