Diário de campo - 30/11/2014

Uma imagem da Serra do Mar, tirada da Rodovia da Graciosa


30/11/2014 – As 4h30 olhei pela janela e o zênite estava aberto com poucas nuvens, porém, o horizonte do lado leste mostrava um céu carrancudo, quase ameaçador. Encolhendo os ombros, me apressei com os preparativos para sair logo a campo, o que ocorreu às 5h36min.

Já havia analisado imagens de satélite durante os dois últimos dias, utilizando as ferramentas do Windons 8.1 Pro, que permite visualizar as imagens com profundidade de campo (3D – se eu estiver falando alguma asneira, peço que me corrijam). Então, tinha um alvo (local) bem estabelecido para chegar.

No início da Serra da Graciosa, havia uma garoa forte, mas conforme fui descendo a estrada, ela cessou. Então, fui surpreendido por belas paisagens que mostravam os topos de uma cadeia de montanhas. Como não parar o carro e tentar gravar a cena com uma máquina fotográfica? Uma pequena recordação, mesmo que não pudesse apanhar de completo o esplendor da natureza, com o canto das aves e a brisa refrescante que completavam o cenário.
Minha ação, logo atraiu a atenção de outras pessoas que também percorriam a Graciosa. Logo estava sendo imitado, algo típico do comportamento humano. Hora de sair de fininho, e seguir em frente!




Entrando em uma pequena estrada secundária, quase escondida pelas casas ao redor, percebo a companhia de outro carro pelo retrovisor. Como também não parou na última moradia, encosto e deixo que passe adiante. Repentinamente dou de cara com uma porteira, aberta pelo condutor do veículo que acabara de me passar. Sem demora, grito: - Bom dia! Conduzindo uma conversa “batuta”, sou informado que devo falar com o gerente da área para obter permissão para andar na fazenda.
Não tive dificuldade em conseguir o consentimento do gerente, e correndo para pegar os apetrechos dentro do carro, percebo os olhares atentos das pessoas que estavam no local. Eles olhavam para o bokuto (espada japonesa confeccionada em madeira para treino) que carregava em uma de minhas mãos.
- Incrivelmente aprendi que com ela posso quebrar a formalidade, basta dizer às pessoas que se trata de uma ferramenta para afastar as onças. De fato, pode funcionar como uma zagaia (lança utilizada pelos indígenas contra felinos), mas certamente não tenho esperança de vir a usá-la, nem quero!
Risadas escondidas no canto dos lábios, logo um atira: - Mas não tem perigo não, um amigo meu disse que passou debaixo de uma árvore com uma onça e ela ficou quieta!
Emendando: - Aqui, não tem onça não, mas nos grotões para onde vou daqui a pouco, ali sim. Lá, não ando sozinho, vou com o Oswaldo que conhece tudo.
Pronto, estava feito, em breve todos da pequena vila, estarão comentando do japonês que anda com uma espada de madeira atrás das aves de rapina. Assim, espero não ter dificuldades em me apresentar aos proprietários locais.
Explorei toda área, percorrendo uma trilha de mais ou menos 1.800metros. Enquanto olhava atentamente e analisava as possibilidades, chegou o Sr. Oswaldo com mais dois. Eles estavam indo para os grotões.
Informei que dentro da trilha, as possibilidades de ver algum gavião seria muito pouca. Então, iria procurar um ponto elevado e aberto.
Fiz isto, e descobri uma vista magnífica que proporciona um ângulo de 180 graus da Serra do Mar. Não consegui capturar esta vista com a máquina fotográfica, porém é certo que ali, está estabelecido mais um ponto amostral que denominei “Fratelli 1”.



Com o céu nublado, já havia garoado, depois de pouco mais de meia hora, estava decidido a voltar pro carro. 
Encerrei o reconhecimento conversando com o gerente, solicitando permissão para regressar. A verdade é que toda a família dele já estava envolvida, ainda mais após uma das crianças ter tido a oportunidade de observar um acauã (Herpetotheres cacchinhans), ver foto, com o binóculo.
O acauã estava pousado, encolhido no galho de uma embaúba (Cecropia sp.), foi possível ver sua plumagem molhada. Realmente, seria muito difícil esperar ver gaviões grandes voando.
Antes de deixar a propriedade, entretanto, fui fotografar uma cascata a margem do caminho da sede. 
Com um movimento grande de carros chegando à vila, decidi retornar a Curitiba, feliz por ter encontrado mais um ponto de observação para o Projeto de Pesquisa das Aves de Rapina da Serra do Mar Paranaense. 
AGRADEÇO A DEUS, porque, caso eu chegasse noutro momento, teria dado de cara com uma porteira fechada, sem a chance de falar e obter a permissão para entrar naquela fazenda. Também por poder contemplar a natureza que Ele criou, em mais um dia de folga!
Romanos 1.20 “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas...”



Falcão acauã


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